terça-feira, 15 de novembro de 2011

O mau uso da tecnologia


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O mau uso da tecnologia e a sua influência nas gerações futuras
O mau uso da tecnologia está a criar uma geração de crianças incapazes de pensar por si mesmas e de empatizar e estabelecer relações com os outros.
O mundo dos computadores parece oferecer uma opção mais segura do que o mundo real, pois não há brigas, não há a possibilidade do menino cair e se magoar. No entanto, o mundo Online pode trazer consequências muito mais nefastas que um arranhão, uma briga ou uma perna partida, como degenerações cerebrais ou até uma perda parcial de identidade.
Prevê-se que a nossa geração, e as gerações futuras, terão grandes perdas a nível da identidade, naquilo que cada um é, devido ao tempo gasto no mundo virtual, um mundo a 2 dimensões.
Entre os principais problemas podem ser destacados:
  • o relacionamento inter-pessoal passar a dar-se maioritariamente através do computador / telemóvel;
  • a redução da capacidade linguística e argumentativa; ora como a comunicação passa a dar-se através de um telemóve,l através de mensagens por exemplo, será uma escrita directa, objectiva sem grandes discussões, com vocabulário reduzido, com muitas abreviaturas; nestes casos o que interessa é transmitir a mensagem e não enriquecê-la com expressões ou com argumentos de forma a defender uma ideia;
  • a redução a nível imaginativo e criativo; ao jogar um jogo, estamos a jogar algo que foi criado por outros, não necessitamos de ter a capacidade imaginativa de criar o nosso próprio jogo ou de criar os nossos brinquedos como sucedia há umas décadas atrás; agora a criança quer um carro vai-se ao super-mercado e compra-se, ao passo que antigamente ele era feito com os materiais que havia à disposição; agora quer-se brincar, compra-se um jogo novo para o computador, antes pensava-se e criavam-se divertimentos e jogos;
O maior problema é o método passar a ser mais importante do que o significado da acção. Isto é, o que interessa é o objectivo, o fim, o que tem de ser feito, e não o porquê, as consequências disso, os antecedentes ou o que podemos chamar “o recheio da acção”. Tomemos o exemplo de uma história de encantar na qual um príncipe tem de salvar a sua princesa para viverem felizes para sempre. Enquanto que o conto explica porque é que a princesa foi raptada ou presa na torre, como é que a princesa é física e/ou psicologicamente, se transformarmos essa história num jogo os pormenores da história são desprezados e o que interessa é só o atingir o objectivo de salvar a princesa.
A Nucleus accumbens septi é a área do cérebro que mais é afectada pela dopamina. Esta área está associada ao córtex pré-frontal do cérebro humano e este é o responsável pelo controlo de sentimentos como o pânico, a dor, a raiva, o prazer, o bem-estar, entre outros. O seu mau funcionamento está ligado a uma total absorção no aqui e agora e, e daí resulta uma enorme incapacidade de considerar as implicações das acções futuras e passadas. Este mau funcionamento é desencadeado devido ao excesso de dopamina gerado pelos jogos quando o jogador consegue alcançar um objectivo ou ao alcançar um novo checkpoint. Inconscientemente, o nosso corpo habitua-se a ter um certo nível de dopamina no organismo e sabe onde pode encontrar esses níveis de dopamina, onde já o experimentou anteriormente. Daí surge o vício do jogo, tal como criamos o vício das drogas, do álcool, etc.
Aqui há uns meses atrás, no verão de 2007, uma rapariga foi espancada e deixada a morrer num parque no noroeste de Inglaterra por dois colegas. Não terá sido apenas mais um jogo para eles? Estariam eles a pensar nas consequências do que estavam a fazer e nas consequências que a sua acção ia causar? Será que eles iriam tirar a vida a um ser humano, e desgraçar a vida deles desolar amigos e familiares, quer os seus quer os da rapariga, sem uma razão? Será que pensaram em tudo isto? Ou foi apenas mais um “aqui e agora” que os motivou, tal como acontece nos jogos?
Outro caso que demonstra as consequências do vício em jogos de computador ou consolas foi o de um jovem que tentou sufocar o pai com o cabo do comando da playstation, devido a este lhe ter desligado a consola, porque já era bastante tarde e já o tinham mandado deitar por várias vezes sem sucesso. O que lhe valeu foi a mãe que veio em seu auxílio.
Para a nossa mente funcionar correctamente o córtex pré-frontal tem de estar activo e o conteúdo, o tal recheio, tem de ser uma prioridade… Uma prioridade, não só para que tudo funcione correctamente, mas também para que se possa desenvolver um indivíduo rico ao nível das suas capacidades mentais. E como podem os jovens e crianças atingir esses níveis?
  • A conversa sempre foi uma maneira encontrada para desenvolver ideias, para criar novas teorias, novas crenças na tentativa de saber mais, de ter mais saber. Os gregos aprendiam a conversar com os seus mestres, debatendo ideias.
  • Através da leitura e escrita. A leitura é um meio muito importante nos dias de hoje para adquirir conhecimento. A escrita é um meio de debater ideias, de apontar ideias para que estas não se percam.
  • Actividade física, porque um corpo só é são caso tenha quer a mente quer o físico em harmonia, a funcionar correctamente.
  • E acima de tudo, viver a vida real e não um jogo; uma vida onde se experimentam novas coisas e se têm novas experiências e se criam ligações neuronais personalizadas, pessoais. Porque a vida real é diferente para cada pessoa, enquanto que o jogo é o mesmo para todos, o que faz com que as pessoas comecem a ser todas mais parecidas, com maneiras iguais de ser.
Um outro impacto que as novas tecnologias vão causar aos mais “viciados” é o consumismo... Vivemos numa sociedade consumista, mas prevê-se que esta tendência de comprar carros, mais roupa, gadjets, etc vai aumentar. Isto porque devido à já referida perda de identidade, as pessoas vão tornar-se mais ocas, como se diz em linguagem popular, e para se afirmar poderão mostrar a roupa nova, as sapatilhas do último modelo da marca xpto, o iPod e o telemóvel da ultima geração, por exemplo.
Outra maneira que poderá ser encontrada para se afirmarem poderá ser através do fundamentalismo. O fundamentalismo é a supressão do pessoal, do eu, para se dedicar a um colectivo, a uma causa. Por exemplo, os que matam em nome da chamada “guerra santa” são fundamentalistas religiosos, são extremistas, e tudo que chega a um extremo é negativo.
E o uso dos computadores, dos telemóveis, das consolas, está a chegar a um extremo, está a chegar a começar a ser excessivo. Será que não está na hora de desligar?

http://pensamentocritico.com/

Postado por Angela

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